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Polêmica - Retirar ou não os quadros de Gil Vicente da Bienal? Dê a sua opinião!

"OAB pede para Bienal de SP retirar obra polêmica
Série "Inimigos" retrata artista atentando contra a vida de figuras públicas
Ordem dos Advogados ameaça processar instituição caso quadros de Gil
Vicente sejam mantidos

A Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo divulgou ontem nota
pública pedindo para que os trabalhos do artista pernambucano Gil
Vicente sejam excluídos da Bienal de São Paulo, que abre no próximo
dia 25.
Os dez desenhos da série "Inimigos" retratam o próprio artista
atentando contra a vida de figuras públicas. O ex-presidente Fernando
Henrique Cardoso, o papa Bento 16 e o presidente do Irã, Mahmoud
Ahmadinejad, por exemplo, aparecem sob a mira de uma pistola. O
presidente Lula, por sua vez, com uma faca na garganta.
"Essas obras fazem apologia à violência e ao crime, revelam o desprezo
do autor pelas figuras humanas e demonstram um desrespeito contra as
instituições públicas", diz o presidente da OAB/SP, Luiz Flávio Borges
D'Urso. "Se elas não forem retiradas, a curadoria da Bienal corre o
risco de estar cometendo crime."

RISCO DE PROCESSO
Segundo D'Urso, o pedido ainda não é judicial. Mas, caso a curadoria
da Bienal decida manter as obras, a OAB deve encaminhar solicitação de
abertura de processo pelo Ministério Público.
Agnaldo Farias, um dos curadores desta edição da mostra, diz que as
obras não serão retiradas. Segundo ele, a OAB-SP está incentivando um
ato de censura.
"Esse trabalho é uma ficção, ela vem do imaginário. Na dramaturgia,
também há inúmeros casos de representação de atentados contra
instituições públicas. A OAB de São Paulo vai pedir para que esses
autores não sejam mais exibidos também?", questiona Farias.

OPINIÃO TACANHA
"A representação artística deve ter limites. Se as figuras retratadas
não fossem reconhecíveis, aí sim poderíamos tratá-las na esfera da
ficção", rebate D'Urso.
O criminalista Alberto Zacharias Toron considera "tacanha" a opinião
do presidente da OAB. "Falar em incitação ao crime é de uma grande
incompreensão sobre o papel da arte", argumenta o advogado, doutor em
direito penal pela USP, ex-diretor do conselho federal da própria OAB.
Segundo Toron, a liberdade de expressão do artista é garantida pela
constituição do país.
Segundo o autor das obras, que tem 2 m por 1,5 m e são feitas com
carvão, elas não foram pensadas para incitar a violência.
"Eu não mataria ninguém, nem quero que outras pessoas façam isso. A
violência que eu retrato parte do próprio mundo político contra um
país inteiro", explica Vicente.
O trabalho, reitera o artista, fala diretamente sobre uma
insatisfação. "Nada muda na mão de políticos. O país continua cheio de
miseráveis. A morte que eu apoio dessas pessoas é simbólica."
Gil Vicente diz que não comparece às urnas desde que iniciou a criação
da série "Inimigos", em 2005. "Eu tenho consciência de que ter
esperança nessas figuras é bobagem. Não vou mais cair nessa", afirma."

GUSTAVO FIORATTI
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA

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