Vivendo e aprendendo
Vivendo e aprendendo...
Atendi um cliente que me contatou pelo Whats. Já iniciou o contato fazendo uma consulta.
Não gosto de dar pareceres sobre os problemas das pessoas sem conversar pessoalmente. O problema é sempre mais complexo do que é possível explicar em poucos caracteres.
A questão era séria e urgente, não tinha horário para atende-lo, mas me dispus a encaixa-lo, dada a relevância da situação.
Ele perguntou somente quanto iria gastar. Como estava preocupada me limitei a explicar que não poderia passar valores de honorários sem ter a exata noção da complexidade da causa.
O atendi, li todos os documentos que ele me trouxe, expliquei o que poderia ser feito e como poderia ser feito, consultei a tabela da Ordem e passei o melhor valor que poderia realizar o serviço.
O cliente ficou indeciso, a questão era complexa. Me dispus a verificar outras possibilidades e entrar em contato, mas de pronto, para não pressiona-lo disse: "se você deseja ingressar com a causa cobrarei os honorários, caso contrário apenas esta consulta".
Procurei deixa-lo a vontade, pois não trabalho insistindo com os clientes para que tomem decisões que depois possam se arrepender, os deixo livres, os comunico dos prós e contras e a decisão é inteiramente deles se iniciam ou não um processo.
As 20h consegui outras soluções, consultando diversos colegas, entrei em contato e dei as demais informações para meu cliente.
No dia seguinte, dada a urgência do caso, entrei em contato no final do tarde para me certificar se ele já havia se decidido, pois precisaria de tempo hábil para fazer a peça inicial com riqueza de detalhes, não queria que ele deixasse para decidir em cima da hora e eu não tivesse tempo para fazer a peça com a qualidade necessária.
Ele perguntou novamente o custo dos honorários, informei o mesmo que já havia informado, declarando que ele poderia parcelar de forma que lhe fosse possível arcar com o custo.
Em réplica ele começou a dizer que não era certo eu ter avisado que ele teria que pagar a consulta só depois que ele fez a consulta.
O valor não é exorbitante, é plenamente justo e eu o avisei na hora porque quando ele entrou em contato me preocupei primeiro com ele do que em cobra-lo.
Disse que se ele se sentia lesado não precisaria pagar.
Seguiu tentando provar que eu havia agido mal. Me ofendi, desejei boa sorte e que procurasse outro profissional para representa-lo caso precisasse.
Não tolero que duvidem da minha idoneidade.
Advogados passam por estas situações diariamente. Trabalham, mas as pessoas acham que o seu trabalho não vale nada, acham que é justo exigir que você trabalhe de graça.
É lamentável isso.
Agora vou ter mais preocupação em deixar claro essa questão da consulta, para que não ocorra algo deste tipo novamente.
Triste ver como as pessoas agem de maneira a desvalorizar nossa profissão, até os próprios colegas que deixam de cobrar consultas, sendo que empregam o conhecimento que batalharam e pagaram caro para adquirir.
Ainda que o caminho seja difícil, com esses tantos obstáculos advogar é uma profissão maravilhosa, que eu amo e que pretendo exercer por toda minha vida com dignidade e dedicação.
Vou aprender a lidar com os espertos, mas não vou deixar de me preocupar primeiro com as primeiras coisas.
E o primeiro não é o dinheiro, ele é conseqüência, ele virá, de bom grado daqueles que reconhecerem meu trabalho.
Vivendo e aprendendo.
Adriana Cecilio
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